Julio Plaza – Construções Poéticas / Fundação Vera Chaves Barcellos

Escritor, gravador, artista intermídia, teórico e professor, Julio Plaza (Madrid,1938-São Paulo,2003) é um artista importante tanto pelo conjunto de sua obra e seu interesse desbravador no campo da arte e tecnologia, como pelas gerações de artistas que influenciou em suas atividades didáticas exercidas na ECA-USP, na FAAP, na PUC-SP e na UNICAMP.
Vera Chaves Barcellos e Alexandre Dias Ramos respondem pela organização e curadoria da exposição propondo uma revisão expográfica inédita no RS de sua produção artística acrescida pelo aval de terem convivido ou estudado com o artista.
A obra e a vida de Julio Plaza ainda não foram objeto de publicação e seus trabalhos permanecem pobremente reproduzidos. O Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo prepara uma grande exposição sobre o artista programada para 2013.

Plaza Campos. Caixa.Preta – tudo esta dito

Artista intersemiótico e com produção multimeios, pesquisador e expert em técnicas gráficas, Julio Plaza consolidou sua obra com pintura, desenhos e objetos ainda nos anos 60, sob o vetor construtivo. Desembarcou no Brasil pela primeira vez em 1967, integrando a representação espanhola que participou da 11ª Bienal Internacional de São Paulo, e como bolsista do Itamarati, para um estágio no ESDI, Escola de Desenho Industrial do Rio de Janeiro, onde permaneceu até 1969, ano em que realizou o Livro-Objeto, com o editor argentino Julio Pacello.
No contexto brasileiro foi um desbravador da arte interativa promovida pelo surgimento de novas tecnologias da comunicação. Trabalhou com videotexto, slow-cam TV, holografia, fax e computação digital, partilhando e influenciando gerações de artistas no campo da arte mídia e protagonizando o processo de hibridação artística dos meios na chamada cultura das mídias.
Pensador e teórico com reflexão aprofundada sobre os fundamentos poéticos da criação artística, e do papel determinante dos meios no imaginário digital, publicou textos fundamentais ao estudo das novas tecnologias aplicadas à arte, como Tradução Intersermiótica; Videografia em Videotexto e Processos Criativos com os Meios Eletrônicos: Poéticas Digitais, este em colaboração com Monica Tavares.

Autor de vários livros de artistas publicou com o poeta concretista Augusto de Campos, os célebres Poemóbiles, de 1968 e Caixa Preta, de 1975, volumes impressos que permitem ao leitor transformá-los em objetos poéticos tridimensionais e ainda o livro-poema Re-Duchamp, de 1976, obras que serão exibidas na presente exposição.
Em depoimento da artista Inês Raphaelian,”Julio (Plaza) elabora uma espécie de poesia visual que muitas vezes sintetiza os princípios característicos da pintura (espaço) e da literatura (tempo). Equilibrando-se entre o verbal e o não-verbal, promove uma fusão imaginativa entre sensível e inteligível, penetra as entranhas dos signos e ilumina suas relações estruturais.”

Julio Plaza teve grande atuação igualmente como organizador de exposições desde seu estágio na Universidade de Puerto Rico, onde lecionou de 1969 a 1973 (ano em que se estabeleceu definitivamente no Brasil). Lá realizou uma das primeiras exposições internacionais de arte postal na América e, posteriormente, pela intensa colaboração com Walter Zanini, então diretor do MAC-USP, no inicio dos anos 1970. Foi curador do setor de Mail Art da “XVI Bienal de São Paulo”, em 1981. Em 1982 realizou no Museu da Imagem e do Som, em SP, a exposição “Arte pelo Telefone: Videotexto”, envolvendo artistas com produções relacionadas à poesia, narrativa e artes visuais a partir de recursos do videotexto e levada no ano seguinte para a Bienal de SP.
Em 1985, dentro da mostra Arte e Tecnologia, no MAC/USP, ele organizou uma das primeiras exposições coletivas de holografia, com obras suas e também de Augusto de Campos, Décio Pignatari, Moysés Baumstein e José Wagner Garcia, desenvolvendo conjuntamente projetos ligados à poesia concreta e culminando numa exposição mais ambiciosa dos mesmos artistas em 1987, no MIS, Idehologia.

Poemóbiles 1984

Contestador radical e bastante inconformado com o sistema da arte ao qual criticava de maneira sistemática foi autor de vários aforismos, entre eles: “Arte é um bem que faz mal.” Seu trabalho questiona os meios, o processo, a produção, o mercado, a autoria, a crítica, a instituição e tudo o que envolve arte e cultura no contexto em que se realizam.
A FVCB, comA FVCB, com apoio do MAC-USP, produziu para a exposição o vídeo “Julio Plaza,o poético e o político”, com direção de Hopi Chapman e Karine Emerich, da Flow Films. O documentário em média-metragem http://fvcb.com.br/?p=1689 gravado na Espanha e no Brasil traz depoimentos de artistas e intelectuais que conviveram com Julio Plaza. Vera Chaves Barcellos gravou pessoalmente em Madrid os testemunhos de Luis Lugán, precursor da arte tecnológica espanhola; de Julián Gil, veterano artista expoente do concretismo espanhol e Ignacio Gómez de Liaño, escritor e filósofo, todos, de uma maneira ou outra, vinculados à arte experimental e às vanguardas poéticas espanholas da década de 1960. No Brasil foram gravados depoimentos das artistas Regina Silveira, que foi casada com Julio Plaza durante 20 anos, Lenora de Barros e Inês Raphaelian. E ainda Cristina Freire, pesquisadora e vice-diretora do MAC-USP, Gabriel Borba, Martin Grossman e Ana Tavares, além do poeta Augusto de Campos.

Julio Plaza, Construções Poéticas
Inauguração: 15 de setembro de 2012 – das 11 às 17h
Visitação: até o dia 14 de dezembro
De segundas a sextas, das 13h30 às 17h30min, mediante agendamento através dos telefones: 51 3228 1445/8229 3031 ou do site www.fvcb.com

Transporte especial para o dia da abertura: No dia 15/09 haverá transporte especial gratuito até Viamão. Saídas às 11 e às 14H de frente do Theatro São Pedro, com trajeto de ida e volta à Viamão. Inscrições pelo telefone: 51 3228 1445.
Sala dos Pomares Av. Sen Salgado F°, 8450 – Viamão – RS (pórtico de entrada ao lado do condomínio Buena Vista, entre a parada 53 e 54, RS 040)

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